Em
momentos eleitorais, a esquerda mais radical e combativa costuma ser
pressionada a aceitar o chamado “voto útil”. Raramente, esse
voto pragmático coincide com a opção mais próxima às propostas
comprometidas com as lutas populares. Sua função seria apenas
evitar o mal maior.
Pois
não é o que vem acontecendo na campanha eleitoral pela presidência
dos Estados Unidos. A candidatura considerada “incendiária” vem
se mostrando a mais preparada para derrotar Donald Trump. É o que
indica, por exemplo, recente matéria de Meagan Day e Matt Karp sobre
as primárias democratas, publicada
pela Revista Jacobin:
As
pesquisas são unânimes: uma maioria considerável dos eleitores nas
primárias dos democratas (entre 60% e 65%) dizem que é mais
importante encontrar um candidato que possa vencer Trump do que um
que eles concordem com as pautas. Isso não é um padrão para
eleitores que fazem oposição a um presidente em exercício. Na
prévia da sua campanha de reeleição em 2004, por exemplo, menos da
metade de todos os democratas diziam o mesmo sobre George W. Bush.
Ao
longo das primárias, Bernie Sanders e muitos de seus apoiadores têm
argumentado que não é suficiente vencer Trump: precisamos nos
organizar para transformar as condições econômicas abismais que
produziram Trump também. E isso é extremamente verdadeiro.
Situações
extremas exigem soluções extremas, costuma-se dizer. Mas a
persistência dessas situações vem de longe. Não surgiram com
Trump, por lá, ou Bolsonaro, por aqui.
É
exatamente a recusa em enxergar a necessidade de combater
radicalmente o extremismo capitalista que nos empurra para
situações-limite que disputas eleitorais estão longe de resolver.
De
qualquer maneira, agora somos
Sanders.
Leia
também: Fraturas
na ditadura democrática estadunidense
Muito boa observação. Vamos deixar o problema do voto útil para de combater a extrema-direita para a direita.
ResponderExcluirSim, mas é voto útil também porque Sanders dificilmente conseguiria fazer alguma coisa se eleito. Sua vitória seria uma contra a ditadura perfeita ianque, podendo abrir rachaduras nela. Mas não tenho qualquer esperança num governo realmente de esquerda.
ExcluirSim, Sergio, também não. Mas que eu adoraria ver o que podia dar, isso adoraria. Bjs
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