Jornada diária de oito horas de
trabalho, salário mínimo, representantes sindicais nos conselhos diretores das
empresas, gestão das indústrias por seus trabalhadores, imposto progressivo
sobre o capital, expropriação parcial das riquezas.
As exigências acima são algumas dentre
aquelas publicadas em 6 de junho de 1919 no jornal “O Povo da Itália”. É o
programa dos fascistas aprovado em um encontro nacional realizado meses antes.
Como relata Antonio Scurati, em seu
livro “M, O Filho do Século”, as propostas são quase as mesmas defendidas pelos
socialistas revolucionários, que se posicionam à esquerda dos reformistas. Ele
foi concebido para converter simpatizantes comunistas em militantes fascistas.
Semelhante ao que aconteceu com o próprio Mussolini.
Mas a esperteza só poderia dar
resultado porque a crise social atravessada pela Itália logo após a Primeira
Guerra é enorme. Era preciso apresentar respostas a uma revolta popular que se
torna cada vez mais raivosa.
Como diz o autor:
O caos é total, crescente,
generalizado. Mas é apenas caos. A revolução é outra coisa e os líderes
socialistas são completamente incapazes de direcionar essa revolta espontânea
para a conquista do poder.
Era assim que pensava Mussolini. E,
infelizmente, ele estava certo.
Mas não se trata de simplesmente
condenar a cúpula socialista por sua vacilação e covardia política. Ou de considerá-los meros incapazes de seguir o corajoso exemplo dos bolcheviques russos.
A monarquia parlamentar italiana era
muito diferente da ditadura czarista russa. São tais diferenças que Gramsci viria a estudar, produzindo sua grande obra.
Mas é importante destacar que o
próprio poder bolchevique teve influência no fracasso italiano. É o que veremos
a seguir.
Leia também: Fascismo é, antes de tudo, violência
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