Por enquanto, a mortalidade
causada pelo coronavírus-19 é baixa. Limita-se a idosos e pessoas com problemas
respiratórios. Mas sua letalidade indireta pode se revelar enorme em pouco
tempo.
Em seu atual estágio, o
novo vírus mata pouco e desorganiza muito. Em uma economia que globaliza cada
vez mais as relações mercantis, mas concentra fortemente lucros e bem-estar, isso
pode ter dimensões apocalípticas para a grande maioria.
A globalização facilitou
muito a disseminação de doenças. Ao mesmo tempo, seu caráter neoliberal
desmontou as já precárias redes de proteção social mundo à fora. Os dispositivos
de segurança sanitária estão limitados a minorias cada vez menores.
Outro efeito extremamente
nocivo são as crescentes restrições ao direito de circulação e de reunião. Elas
podem ser mortais para a esquerda anticapitalista, que fica sem oxigênio quando
não consegue estar presente nas ruas e em suas entidades de luta.
Manifestações canceladas,
reuniões inviabilizadas, relações fragmentadas. Condições ideias para o funcionamento
ainda mais eficiente e massacrante dos aparelhos de dominação e repressão.
Tudo isso para não falar
da proximidade de mais um surto da crise de 2008. Naquele ano, o sintoma da
doença capitalista se manifestou no mercado imobiliário. Por mais complicada
que fosse sua explicação, enxergava-se sua origem em atividades humanas
condenáveis.
O sintoma atual da
falência capitalista tem uma procedência mais opaca. É a forma como a sociedade
capitalista está organizada: criação animal concentrada, desmatamento, falta de
saneamento, aglomerações urbanas extremamente adensadas...
A doença continua a ser
o capitalismo, mas seus defensores pretendem escondê-la por trás de fatores aleatórios
ou forças divinas. Os maiores transmissores do vírus estão no poder.
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Muito bom, camarada...
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirNão tinha pensado ainda sobre a necessidade dos movimentos sociais se reunirem. Já estava difícil, agora ficou impossível. Estava ansioso para ver o que iriamos conseguir reunir no dia 18. E para ser franco, ver o que iria acontecer no dia 15 também. Estamos sem respostas. Estamos sem comunicação direta. Um apocalipse que não revela a face do verdadeiro responsável pelas catástrofes da humanidade. Até quando vamos viver uma sociedade fetichizada, onde os responsáveis posam de prudentes, bonzinhos e responsáveis, escondendo mais uma vez a sua verdadeira face. Bjs amigo e camarada. Bom texto.
ResponderExcluirSim, já estava difícil porque até íamos pra rua, mas meio numas de performance, carnaval, encontro etc. Pouco saldo organizativo. Agora, então... Tá difícil ser otimista. Obrigado. Beijo
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