Doses maiores

23 de março de 2020

A Doença X e seu maior hospedeiro

No início de 2018, durante uma reunião na Organização Mundial da Saúde em Genebra, um grupo de especialistas (o R&D Blueprint) cunhou o termo “Doença X”: prevendo que a próxima pandemia seria causada por um novo patógeno desconhecido que não tinha ainda infectado a população humana. A Doença X provavelmente resultaria de um vírus originário de animais e surgiria em algum lugar do planeta onde o desenvolvimento econômico aumenta o contato entre pessoas e animais selvagens.

A Doença X provavelmente seria confundida com outras doenças no início do surto e se espalharia rápida e silenciosamente; explorando rotas de viagens humanas e de comércio, alcançaria vários países e espremeria a contenção. A Doença X teria uma taxa de mortalidade mais alta que uma gripe sazonal, mas se espalharia tão facilmente quanto a gripe. Isso abalaria os mercados financeiros antes mesmo de alcançar um status de pandemia. Resumindo, o Covid-19 é a Doença X.

Como argumentou o biólogo socialista Rob Wallace, as pragas não são apenas parte de nossa cultura. Elas são causadas ​​por ela.

O trecho acima está em artigo de Michael Roberts disponível aqui. Nele o economista marxista britânico mostra como não é preciso conspirações e planos diabólicos para que pandemias como o coronavírus-19 surjam. Bastam que se deixem agir as leis da exploração sem freios da ocupação humana do planeta. Em especial, em sua fase industrial, quando um único e predatório padrão de exploração da natureza começou a se disseminar pelo mundo.

Em 2018, não havia como dar um nome à Doença X. Mas seu hospedeiro há muito tempo tem nome e sobrenome: exploração capitalista.

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