No
início de 2018, durante uma reunião na Organização Mundial da Saúde em Genebra,
um grupo de especialistas (o R&D Blueprint) cunhou o termo “Doença X”:
prevendo que a próxima pandemia seria causada por um novo patógeno desconhecido
que não tinha ainda infectado a população humana. A Doença X provavelmente
resultaria de um vírus originário de animais e surgiria em algum lugar do
planeta onde o desenvolvimento econômico aumenta o contato entre pessoas e
animais selvagens.
A
Doença X provavelmente seria confundida com outras doenças no início do surto e
se espalharia rápida e silenciosamente; explorando rotas de viagens humanas e
de comércio, alcançaria vários países e espremeria a contenção. A Doença X
teria uma taxa de mortalidade mais alta que uma gripe sazonal, mas se
espalharia tão facilmente quanto a gripe. Isso abalaria os mercados financeiros
antes mesmo de alcançar um status de pandemia. Resumindo, o Covid-19 é a Doença
X.
Como
argumentou o biólogo socialista Rob Wallace, as pragas não são apenas parte de
nossa cultura. Elas são causadas por
ela.
O trecho acima está em artigo de Michael Roberts disponível aqui. Nele o economista marxista britânico mostra como não é preciso
conspirações e planos diabólicos para que pandemias como o coronavírus-19
surjam. Bastam que se deixem agir as leis da exploração sem freios da ocupação
humana do planeta. Em especial, em sua fase industrial, quando um único e
predatório padrão de exploração da natureza começou a se disseminar pelo mundo.
Em 2018, não havia como dar um nome à Doença X. Mas seu hospedeiro há
muito tempo tem nome e sobrenome: exploração capitalista.
Leia também: A ordem é sacrificar primeiro idosos e
vulneráveis
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