Em seu livro “Escravidão”,
Laurentino Gomes cita uma definição de Orlando Patterson para esse tipo de servidão.
Segundo o sociólogo jamaicano, a escravidão seria:
...uma “morte social”, na qual o
cativo é arrancado do seu lugar de moradia, de sua língua, suas crenças, seus
laços familiares e seus ancestrais, sua comunidade e seus costumes, uma espécie
de desenraizamento, ou excomunhão da família e da sociedade originais.
Era necessário eliminar “sua
identidade antiga para a construção de uma nova, dependente e condicionada pelo
senhor”. Um processo que começava pela supressão dos nomes próprios.
Segundo Gomes, um “censo realizado
em 1759 no território da atual Colômbia revelou que 40% de todos os escravos
eram identificados com um único nome (como José, João ou Francisco). Outros 30%
tinham “Crioulo” como sobrenome...”.
No Brasil, nunca houve uma pesquisa parecida,
diz o autor. Mas “sabe-se que a realidade dos escravos era muito semelhante a
essa”.
E, certamente, ocorreu o mesmo nos Estados
Unidos. Afinal, não foi por outra razão que Malcolm Little abandonou o
sobrenome imposto pelos antigos escravizadores de seus antepassados,
tornando-se Malcolm X.
O fato é que mesmo com a escravidão tornada
ilegal, seu objetivo maior continua a ser buscado pelos escravocratas contemporâneos.
Não bastam as constantes agressões que resultam em mortes, mutilações, traumas
e medo.
A “morte social” também continua a
ser imposta a negros, indígenas e outras etnias não brancas. Ela acontece cada
vez que são atacados seus modos de vida e tradições culturais milenares.
Mas, apesar disso tudo, a comunhão que
é consequência das lutas de resistência política e cultural jamais deixou e deixará
de acontecer.
Leia também:
A luta de Malcolm X contra a
escuridão conservadora
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