No livro “A hidra de muitas cabeças”, Peter Linebaugh e Marcus Rediker fazem uma crítica à obra de E. P. Thompson, cuja elaboração sobre a origem da classe operária inglesa foi fundamental, mas apresenta lacunas importantes .
Marcelo Badaró apresenta esse debate no livro “A classe trabalhadora: de Marx ao nosso tempo”, para ressaltar a origem heterogênea e multiétnica do proletariado moderno, formado a partir de “escravizados africanos levados à força para as Américas; imigrantes pobres europeus, expropriados em suas regiões de origem (Inglaterra, Irlanda etc.) e muitas vezes enviados compulsoriamente para o Novo Continente; pobres urbanos e rurais da Inglaterra durante o processo de acumulação primitiva”.
Desse modo, diz nosso autor, “onde Thompson teria visto um ‘movimento inglês’ por uma ‘democracia inglesa’, Linebaugh e Rediker perceberam uma circulação atlântica de ideias e enfatizaram que a ‘parte mais vigorosa do debate não vinha de nenhuma experiência nacional isolada, fosse inglesa ou outra qualquer’”. Segundo eles, Thompson não atenta para as conexões com o imperialismo e simplesmente ignora o colonialismo, com sua crescente e significativa influência sobre as vidas das classes subalternas ao longo do século 19.
O que Linebaugh e Rediker fizeram, diz Badaró, foi retomar o que Marx já dizia nos anos 1870 e 1880. Nessa época, ele afirmou ser impossível “tomar o caso inglês de formação da classe trabalhadora, abordado em ‘O capital’, como modelo de validade universal”.
“Circulação atlântica de ideias” diz respeito ao colonialismo e principalmente à escravidão. Mas também ao caráter necessariamente plural e multidimensional da emancipação proletária. Algo que Marx, Engels e seus melhores seguidores jamais perderam de vista.
Lei também: A consciência de classe como ponto de chegada
Que foto linda recuperando a imagem da pintura O Quarto Estado de Giuseppe Pellizza da Volpedo, mais conhecida como Novecento, devido ao cartaz do filme do Bernardo Bertolucci. Fui pesquisar o autor da foto no Google, mas não encontrei. Achei esta referência https://www.tuttoh24.info/festa-del-lavoro-aperti-tutti-i-musei-e/ , que pelo quase nada que entendo de italiano, tem ela nesse museu.
ResponderExcluirQuanto a formação da classe operária inglesa, ou qualquer outra, ela só pode ser multiétnica e multicultural devido aos fatores conhecidos e apontados nessa Pílula. E com essa característica de base humana se configurou em determinado modo de produção, espaço e tempo, uma determinada classe operária inglesa.
A minha dúvida fica por conta da interpretação da frase de Marx: “tomar o caso inglês de formação da classe trabalhadora, abordado em ‘O capital’, como modelo de validade universal”. Ele está tratando da diferença entre a formação da classe operária inglesa em relação às outras, portanto uma forma particular da classe operária que não se deve aplicar para todas as outras realidades, ou uma formação híbrida, não genuína ou algo assim, pelo que me fez entender essa Pílula?
Esta foto utilizamos para um dos cursos anuais do NPC (Piratininga) sobreposta à original do Volpedo, em montagem feita pelo meu irmão. Se procurar na rede por "quarto estado núcleo piratininga", você vai encontrar. Quanto à frase do Marx, ela procura ressaltar a diferença entre a formação da classe operária inglesa em relação às outras. Não acho possível discutir qualquer classe social como alguma coisa genuína, não misturada etc. Aí seria uma casta, não uma classe no sentido contemporâneo da palavra.
ExcluirVocê não sabe quem é o autor da foto? Sim, foi o que disse ser misturada. A minha dúvida foi outra.
ExcluirEstá no final da postagem: "Si ringraziano l’autore della fotografia Settimio Benedusi e Francesco Blasi per la collaborazione grafica". São esses dois aí
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