Em meio ao intenso e legítimo debate sobre as chamadas lutas “identitárias”, um livro como “A classe trabalhadora: de Marx ao nosso tempo”, de Marcelo Badaró, traz importante contribuição.
A obra do historiador e militante marxista procura recolocar alguns fundamentos das concepções de Marx e Engels que costumam ser esquecidos ou ignorados até por muitos marxistas.
Para começar, eis a tese defendida por Badaró: “a classe trabalhadora, também chamada de proletariado, tal como aparece na obra de Karl Marx, continua tendo validade como categoria analítica para o entendimento da vida social sob o capitalismo”.
E um primeiro esclarecimento a ser feito envolve o conceito de “classe operária”. Segundo o autor, na língua alemã em que foram escritas as obras de Marx e Engels não há expressão equivalente.
Marx utilizava denominações que podemos traduzir literalmente como “classe trabalhadora” ou “proletariado”. Um termo, diz o autor, que é ao mesmo tempo mais rigoroso e mais abrangente do que classe operária.
Nos textos dos fundadores do materialismo histórico, o conceito de “proletariado” aparece, quase sempre, associado àqueles que não possuem outra forma de sobreviver numa sociedade de mercadorias, a não ser vendendo sua força de trabalho como mercadoria.
Nos “Manuscritos econômico-filosóficos”, de 1844, Marx adota o conceito a partir do latim “proletarius” (aquele que é definido apenas por si e sua prole, seus filhos). Portanto, nunca o restringiu ao operariado industrial.
E segundo essa definição, nas sociedades desenvolvidas, o proletariado da indústria e dos serviços representa de dois terços a quatro quintos da população ativa. Ou seja, o proletariado continua majoritário e ainda tem pesadas correntes a romper.
Continua...
Leia também: O exército de trabalhadores e suas divisões econômicas
Pois é, essa Pílula precisa mesmo de complemento. Fiquei contente quando fala em identitarismo e como tratar essa questão atualmente, depois vai para o que foi muito defendido pela esquerda sobre uma classe operária e não trabalhadora como Marx e Engels assim a entendiam.
ResponderExcluir