“Na década de 1850, Marx já antevia a possibilidade de que as lutas de classes nas colônias asiáticas (China e Índia em especial) tivessem impacto decisivo no processo da revolução proletária europeia”. A afirmação é de Marcelo Badaró, em seu livro “A classe trabalhadora: de Marx ao nosso tempo”.
Além disso, destaca novamente Badaró, em “O capital”, o revolucionário alemão afirmou taxativamente que “o trabalho de pele branca não pode se emancipar onde o trabalho de pele negra é marcado a ferro”.
Esses elementos mostram o equívoco da ideia de uma classe trabalhadora europeia, branca, masculina e reunida em fábricas como única capaz de protagonizar processos revolucionários.
A própria Revolução Bolchevique foi uma grande refutação prática dessa concepção. Na Rússia czarista, o campesinato era a enorme maioria da população. O capitalismo apresentava-se em um nível de desenvolvimento muito inferior ao do britânico, francês e alemão. Ainda assim, uma revolução socialista foi possível graças à utilização criativa do conhecimento acumulado por décadas de lutas dos explorados contra o capitalismo nos mais diferentes países.
Um dos principais responsáveis por isso foi Leon Trotsky, cuja teoria do desenvolvimento desigual e combinado procurava entender a dicotomia entre centro e periferia do sistema capitalista em sua etapa imperialista. Um esforço teórico que permitiu entender o processo russo como uma revolução permanente que pulou etapas, da autocracia à república soviética.
Também foi essa elaboração que levou, por exemplo, o marxista peruano José Carlos Mariátegui a perceber a especificidade das realidades latino-americanas e propor uma potencialidade revolucionária do elemento indígena nas lutas socialistas, ainda nos anos 1920.
Voltaremos a Mariátegui na próxima pílula.
Leia também: A origem heterogênea e multiétnica do proletariado
Sabe, eu não me preocupo muito se Marx tenha colocado ou não, muito ou pouco, na sua teoria as lutas antirrascistas, anticoloniais, feministas etc. Elas adquiriram muito mais força e vigor após o tempo que Marx viveu. Que bom, muitas coisas Marx não previu mesmo como iriam se desenrolar, serve que sua teoria é base para entender todas essas lutas.
ResponderExcluirSim, prevalecem as lutas!
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