Doses maiores

15 de fevereiro de 2013

O lugar do Vaticano é nas catacumbas

A renúncia do Papa surpreendeu o mundo. As razões de Bento 16 não ficaram claras. Comentaristas arriscam várias explicações. A maioria dedica-se a elogiar a atitude como corajosa e inteligente.

Talvez, seja melhor olhar para coisas mais concretas, como dinheiro e corrupção. Foi o que fez Henrique Carneiro, professor de História Social da USP, em artigo publicado no blog http://blogconvergencia.org, em 12/02.

Carneiro lembra que o Vaticano também foi afetado pela crise mundial. Em 2012, amargou um rombo de cerca de 19 milhões de dólares. Os gastos com processos por pedofilia teriam agravado essa crise. Os processos levaram a indenizações que “só nos EUA, chegaram a três bilhões de dólares em mais de três mil processos abertos”, afirma ele.

Outro a colocar as questões em bases bem materiais foi Eduardo Febbro, no artigo “A história secreta da renúncia de Bento XVI”. Publicado em Carta Maior, o texto revela toda a sujeira do Estado papal. São negociatas unindo política reacionária e montanhas de dinheiro, que vêm dos tempos do papa falecido e beatificado recentemente.

Alguns entendem a crise vaticana como oportunidade para uma renovação. Até religiosos de esquerda como Frei Betto e Leonardo Boff discutem a possibilidade de eleger um papa progressista. Nesse caso, vale o que disse o jornalista José Simão:

Não existe papa progressista. Todo papa é contra sexo fora do casamento, contra camisinha, contra gay, contra aborto, contra o rock e contra célula-tronco! Eu quero ser católico, mas o papa não deixa.

O lugar da cúpula católica é nas catacumbas. As mesmas para onde enviou os milhões de vítimas de sua milenar intolerância.

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