Mas
o artigo “Bento XVI: uma renúncia estratégica”, de Dermi Azevedo, apresenta uma
explicação que vai mais fundo na crise da Igreja Católica. Publicado em 20/02
pela Carta Maior, o texto lembra o papel dos dois últimos papas na derrota da
Teologia da Libertação nos anos 80 e 90 e conclui:
Eleito
Papa, Bento XVI tratou de concretizar em nível global a ofensiva conservadora.
Seu laboratório anterior havia sido a Congregação para a Doutrina da Fé (antiga
Santa Inquisição) onde havia comandado os processos de expurgo de teólogos como
Leonardo Boff e Jon Sobrino. De um momento para outro, a Igreja deixou de ser
uma das principais referências para a produção de sentido na sociedade. Entrou
em descompasso, mesmo que fosse para polemizar, com a pós-modernidade. Retomou
antigos costumes que lhe foram úteis na época da Cristandade, mas que se
revelaram incompatíveis com a dinâmica de um mundo em rápida mutação de valores
e em plena revolução tecnológica. A linha política adotada pelo Papa afastou da
cúpula da Igreja os seus quadros progressistas e a distanciou das massas
empobrecidas no mundo.
Ou
seja, a cúpula católica estaria pagando o preço por sua opção pelos ricos. Uma
escolha que a isolou da maioria formada pelos explorados, únicos capazes de
arrancar algum sentido da realidade através de suas lutas contra o capitalismo.
Por trás da renúncia papal, o Nada.
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