Doses maiores

6 de fevereiro de 2013

Renan representa a sociedade brasileira

“O Renan não é corrupto porque é mau, mas porque essa é a única forma de fazer política no Brasil”. Esta frase foi dita por Roberto Romano em entrevista publicada no jornal paranaense Gazeta do Povo em 03/02. Para o professor da Unicamp “quase não existe possibilidade de eleger e reeleger um político que seja apenas ético”.

Não é verdade que a única forma de fazer política no Brasil seja esta. Esta é a regra para a política dos gabinetes e palácios. E não acontece só aqui. A corrupção ataca governos e parlamentos no mundo todo. É o resultado de uma sociedade cada vez mais organizada em torno da circulação do dinheiro.

De qualquer maneira, o enriquecimento pessoal de parlamentares é apenas o lado mais aparente da corrupção. Trabalhar contra os interesses populares sempre foi a maior especialidade do Congresso Nacional. Desde o século 19, sua prioridade é aprovar projetos de interesse das elites e do grande capital.

Nas raras vezes em que isso não aconteceu foi devido à pressão popular. Graças às manifestações, greves, revoltas nas ruas, fábricas, universidades. Mas não se trata de fechar o Congresso. Concentrar poderes no Executivo só facilitaria o poder corruptor dos ricos e poderosos.

As grandes revoluções sempre entregaram o governo a grandes parlamentos, eleitos e fortemente controlados pelo povo. Em nossa atual situação política, o controle é do poder econômico. Por isso, gente como Renan não age em nome da grande maioria do povo brasileiro, mas é o melhor representante da sociedade injusta em que vivemos.


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