Frei Betto publicou artigo no
Brasil de Fato, em 03/07. Em “Recado das ruas”, ele analisa as manifestações populares
das últimas semanas. Diz que elas “fundem a cuca de analistas e cientistas
políticos”. Fazem dirigentes partidários e lideranças políticas se perguntarem:
“quem lidera, se não estamos lá?”
Betto diz que sentiu o mesmo
ao deixar a prisão da ditadura, em 1973. Ao sair, encontrou um movimento social
em plena atividade. E perguntou-se: “como é possível se nós, os líderes,
estávamos na cadeia?”
“Como essa mesma perplexidade,
diz o texto, Marx encarou a Comuna de Paris, em 1871; a esquerda francesa, o
Maio de 1968; e a esquerda mundial, a queda do Muro de Berlim e o esfacelamento
da União Soviética, em 1989”.
Poderíamos acrescentar a Revolução
de Fevereiro, na Rússia, em 1917. Contra a vontade dos bolcheviques, as
operárias têxteis iniciaram uma greve. O movimento acabou inaugurando o
processo revolucionário que, em outubro, se completaria com a tomada do poder.
Na verdade, as lutas
espontâneas e “não autorizadas” pelas vanguardas são o fermento de qualquer
processo revolucionário. É nisso que acreditava a grande revolucionária Rosa
Luxemburgo, com toda razão. Era uma de suas divergências com Lênin, ainda que ela não negasse a necessidade do partido de vanguarda.
Não vivemos uma situação
revolucionária, mas as esquerdas não estão à altura nem das atuais revoltas. Ou se
deixaram amansar pelo poder, ou abandonaram o cotidiano das lutas populares. Agora,
as mobilizações estão aí, a revelar o tamanho de nossa ignorância. E parece que
não é pequena.
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É necessário compreender que a massa tem a sua compreensão - que é da própria vida / experiência. Quem teoriza são os partidos e ideólogos. Movimento na prática é o que pode levar a uma real mudança. Saudações!
ResponderExcluirÉ por aí, Vanessa. Só não pode esquecer que a teoria também é muito importante, ainda que subordinada à luta.
ExcluirAbraço
A vida real abranda o ardor revolucionário. Mas que saudade! Vamos voltar à Luta?!
ResponderExcluirVamus!
ExcluirEstou afastado do contato mais cotidiano com o computador porque estou de férias. Tinha lido esta pílula pelo celular, mas comentar ficava difícil pela falta de praticidade do meu aparelho. Agora fiz acesso a um computador e estou aproveitando para comentar esta pílula que achei muito boa, queria ter feito antes.
ResponderExcluirMuito divertida e esclarecedora a perplexidade do Frei Beto quando saiu da prisão. Conhecendo um pouco ele acredito que não foi vaidade que o moveu a pensar assim, mas simplesmente porque não o tinham ensinado a pensar de outra forma.
Importante a sua demarcação que não vivemos um momento revolucionário. Quantas vezes por menos que isto achamos que já estávamos vivendo.
Reconhecer a ignorância é o melhor entendimento que já vi até o momento.