É possível ser católico e ser
favorável à liberdade sexual ou ao direito ao aborto? Claro que sim. Mas não é
o que parece quando um evento como a Jornada Mundial da Juventude é
monopolizado pelo conservadorismo religioso e pela mídia empresarial.
Felizmente, há veículos da
imprensa que dão espaço a vozes discordantes. Em 16/07, Carta Capital
entrevistou Maria José Nunes. Ela é presidente da ONG “Católicas pelo Direito
de Decidir” (CDD), que defende o direito ao aborto. Um trecho do depoimento
deixa bem claro o que pensa a organização sobre o atual papa:
Francisco é um papa muito
mais midiático que Ratzinger, que era duro e intelectual. É uma figura que vem
a calhar para a Igreja neste momento, mas que significa a manutenção e o
aprofundamento do conservadorismo doutrinal.
E, ao contrário do que
parece, este conservadorismo não combina com o que pensa a maioria dos jovens
católicos. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Ibope a pedido da própria
CDD.
Alguns exemplos: a pílula do
dia seguinte, para evitar gravidez, é aprovada por 82% dos católicos entre 16 e
29 anos. A criminalização do aborto é condenada por 62% deles. A união homoafetiva
é apoiada por 56%. Para 90% da juventude católica, religiosos envolvidos em
pedofilia devem ser punidos, 72% aprovam o fim do celibato e 62%, a ordenação
de mulheres.
Enquanto isso, pesquisa do
Datafolha indica declínio do catolicismo no Brasil. Em 1994, 75% dos
brasileiros se declararam católicos. Em 2013, são 57%. O rebanho se afasta cada
vez mais dos lobos que acreditava serem seus pastores.
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