Diego Viana publicou a
seguinte passagem de “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, em seu blog:
É natural que na noção de
propriedade como na de outros valores, morais e materiais, inclusive o da vida
humana, seja ainda o Brasil um campo de conflito entre antagonismos os mais
violentos. No tocante à propriedade, para nos fixarmos nesse ponto, entre o
comunismo do ameríndio e a noção de propriedade privada do europeu. Entre o
descendente do índio comunista, quase sem noção de posse individual, e o
descendente do português particularista que até princípios do século XIX viveu,
entre alarmes de corsários e ladrões, a enterrar dinheiro em botija, a esconder
bens e valores em subterrâneos, a cercar-se de muros de pedra e estes, ainda
por cima, ouriçados de cacos de vidro contra os gatunos.
“Dilma cede à pressão dos
ruralistas e rifa os direitos indígenas”, disse a antropóloga Manuela Carneiro
da Cunha à Folha de São Paulo, em 14/07. Ela referia-se a um projeto de lei patrocinado
pelo governo que permitiria o uso de terras indígenas para diversas
finalidades, da construção de hidrelétricas à mineração.
O governo que finge ouvir os
gritos das ruas continua surdo aos povos das florestas. É o “comunismo do
ameríndio” esmagado pela “propriedade privada do europeu”. Mas Freyre não citou
os negros, que o cativeiro tornou propriedade por séculos. A ordem dominante já
não os escraviza, livra-se deles: “Homem, negro de 15 e 29 anos. Esta é a
descrição da principal vítima de homicídios no País”. Este é o título de
matéria da Agência Brasil, publicada em 13/07.
Leia
também: Reintegração de posse
para os índios, já!
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