“Uma guerra particular” é o
título da entrevista que a socióloga Vera Malaguti Batista deu à revista Carta
Capital. O depoimento da secretária-geral do Instituto Carioca de Criminologia
foi publicado em 08/07.
Vera alerta para a progressiva
expansão do "Estado policial" na sociedade brasileira. E uma das
manifestações desse fenômeno seria a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), que
ela chamou de “gestão policial da vida dos pobres”.
Para Vera, a UPP “não é
policiamento comunitário, é uma tomada de território por forças militarizadas.
Algo muito semelhante ao que ocorre na Palestina, no Iraque, no Afeganistão”.
Ela explica:
O tipo de atuação policial
que se faz nas favelas ocupadas pela polícia no Rio só poderia ser feita na
zona sul da cidade caso o governo decretasse “estado de sítio”. Há toques de
recolher, abordagens ostensivas, invasão de domicílios sem mandado judicial, a
proibição de tudo. Os moradores do morro do Cantagalo costumam reclamar que os
bares de Ipanema ficam abertos a noite toda, mas as biroscas da favela têm
horário para fechar. Para fazer uma festa em casa, o morador de lá tem de pedir
autorização.
Mas as explosões de violência
policial nos recentes protestos populares mostram que essa “guerra particular” pode
se generalizar. Até pacatos moradores de bairros de classe média sentem um
pouco da repressão que é cotidiana nas favelas e periferias.
É o grave risco que correm sociedades
que aceitam soluções autoritárias para seus problemas sociais. Nada impede que
o Estado policial ainda se volte contra quem sempre aplaudiu sua truculência. Em
outros lugares e momentos, este fenômeno recebeu o nome de fascismo.
Leia também: A paz dos campos de
concentração e dos cemitérios
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