Poucos meses depois de sua
eleição, o Papa Francisco faz grande sucesso. Basta ver algumas manchetes de
jornal: “A revolução de Francisco. Sem corte, rubi e camareiros”, “Papa Francisco
ocupará quarto igual a de cardeais no Rio”, “Papa faz visita surpresa à garagem
do Vaticano e exige carros ‘humildes’”, “Papa Francisco aprova lei que
criminaliza abuso sexual a menores no Vaticano”.
Não por acaso, a revista “Vanity
Fair” considerou Francisco o “Homem do Ano”. Ele assumiu a chefia de uma
instituição em profunda crise. Envolvida em denúncias de pedofilia, orgias
sexuais, corrupção, gastos excessivos, lavagem de dinheiro. Mas conseguiu
ofuscar tudo isso com atitudes de grande apelo popular.
Entre suas iniciativas de
impacto, está a primeira viagem na condição de papa. Francisco visitou a ilha
italiana de Lampedusa, onde denunciou a globalização excludente da Europa. É lá
que desembarcam anualmente milhares de imigrantes clandestinos vindos do norte
da África. Centenas deles morrem afogados na travessia pelo Mar Mediterrâneo.
O nome da ilha coincide com o
de um famoso escritor italiano. Trata-se de Giuseppe Lampedusa, autor de um
clássico da literatura universal chamado “O Leopardo”. A obra contém uma frase
muito citada em relação a certas situações políticas e sociais: "Algo deve
mudar para que tudo continue como está".
O fato é que o Vaticano
continua a ser um poderoso estado teocrático. Um antro de conservadorismo, cúmplice
de um sistema produtor de injustiça e desigualdade. Poderoso defensor de
crenças fanáticas, que procura transformar em leis por todo o mundo.
As novidades de Francisco não
vão mudar nada disso. Mesmo um leopardo sem pintas continua sendo um leopardo.
Leia também: O
papa do pau oco
Nenhum comentário:
Postar um comentário