A reforma política está sendo
apontada como grande resposta à onda de manifestações nas ruas do País. Não à
toa, grande mídia e governantes agarram-se a esta proposta para tentar
acalmar a ira popular.
Mas a corrupção e incompetência
dos políticos profissionais são mais efeito que causa dos problemas sociais que
vivemos. O isolamento dos eleitos em relação aos que os elegeram tem raízes
mais antigas do que parece.
A democracia da Grécia Antiga
é considerada exemplo a ser seguido. Mas ela só era possível graças ao trabalho escravo. Enquanto a maioria trabalhava duro de sol a sol, uma minoria ficava
à sombra, dedicando muitas horas do dia a aprovar leis e trocar ideias. Tudo
era motivo de debate, menos o fim da escravidão, claro.
Atualmente, quase já não há trabalho servil. Mas os efeitos são muito parecidos. Dezenas de milhões de pessoas
trabalham 10h, 12h por dia, enquanto algumas centenas decidem seu destino. Uns
mal conseguem repousar e se alimentar. Aos outros sobra tempo para tomar
decisões que mantém o conforto dos ricos e poderosos que os financiam.
Várias centrais sindicais do País
estão convocando o Dia Nacional de Luta, com mobilizações e greves para 11 de
julho. Apesar de seu jeitão oficial, há entre suas exigências uma
reivindicação bem mais importante que a reforma política. É a redução da
jornada de trabalho.
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