O “Financial
Times” pergunta: o novo líder grego seria um Lula ou um Chávez? O jornal
britânico refere-se a Alexis Tsipras, principal nome do Syriza, partido que venceu
as recentes eleições gregas.
Segundo a publicação, o líder venezuelano representaria o radicalismo e o brasileiro,
a moderação. A comparação não tem sentido. Por mais influentes e brilhantes que
sejam alguns indivíduos, suas ações são resultado de complexos processos
sociais e históricos. Do movimento de forças contraditórias e coletivas.
Eleito em 1999, Chávez era, realmente, muito mal visto pela elite venezuelana e
pelo imperialismo estadunidense. Mas sua guinada à esquerda foi causada
principalmente pela tentativa de derrubá-lo, em 2002. O jogo sujo da direita,
de um lado, e a reação popular que derrotou o golpe, de outro, empurraram o
líder venezuelano à confrontação aberta com o imperialismo.
A vitória de Lula, em 2002, não inaugurou uma nova era de avanços das lutas dos
trabalhadores. Ao contrário, marcou o esgotamento do neoliberalismo combinado a
uma década de derrotas políticas e organizativas dos explorados e oprimidos. Representou
uma adaptação rebaixada a este processo.
Diferente de tudo isso, a ascensão de Tsipras é produto de anos de heroica
resistência dos trabalhadores gregos. Dezenas de greves gerais e centenas de manifestações.
Muitas batalhas violentas travadas nas ruas contra a polícia. Ou seja,
os processos sociais por trás da vitória do Syriza têm um caráter extremamente radicalizado.
Nada disso garante que o governo do Syriza atenderá as expectativas dos milhões de lutadores que o elegeram. Significa apenas que ainda estão por vir muitos conflitos
cujos desfechos, sejam vitórias ou frustrações, serão igualmente radicais.
Leia
também: As serpentes no berço do Syriza
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