Para Christian Laval e Pierre Dardot, autores do
livro "A Nova Razão do Mundo: Ensaios sobre a Sociedade Neoliberal",
o neoliberalismo generalizou “o homem da competição e do desempenho” como
modelo social a ser perseguido.
Nosso ideal como seres humanos seria o equivalente ao velociraptor, dinossauro
tornado famoso pelo filme “Jurassic Park”. Relativamente pequeno, sua
capacidade de matar ultrapassava de longe a dos enormes tiranossauros. Uma
verdadeira máquina de devorar carne.
Mas a extrema especialização costuma ser mais uma fraqueza que uma vantagem na
natureza. A dependência em relação a algumas poucas habilidades, mesmo que perfeitas,
pode ser um atalho para a extinção. Bastam algumas alterações no ambiente para
que a sobrevivência se torne impossível.
Somos o contrário do velociraptor. Com tantas vulnerabilidades físicas, podemos
ser mortos por quase todas as formas de vida, de microscópicas bactérias a
grandes feras. Mesmo assim, fomos capazes de nos espalhar pelo planeta de um
modo que é impossível a qualquer outra espécie.
Descendemos dos insignificantes, mas espertos mamíferos, que viram os enormes
répteis perecerem. Por milhões de anos, aprendemos a compensar nossas
fragilidades físicas com uma diversidade cultural e produtiva capaz de
enfrentar as mais radicais mudanças no ambiente.
Agora, no que acreditamos ser nosso auge evolutivo, pretendem que troquemos as
variadas cores que nossa espécie criou pelos poucos tons cinzentos da competição
insana imposta pelo mercado.
No intervalo de alguns séculos, o capitalismo resolveu que seremos tão limitados
como predadores ultraespecializados, perseguindo presas que pertencem a nossa própria
espécie.
Mas, admitamos, muitos de nossos líderes estão perfeitamente adaptados para esse
papel. Velociraptor quer dizer “ladrão rápido”.
Leia também: Nos
governos e fora deles, governa o neoliberalismo
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