Sexta-feira, 13/05, Sesc Copacabana.
No centro do teatro de arena, atrizes, atores, dançarinas e dançarinos. O
espetáculo é sobre Mercedes Baptista (1921-2014), primeira bailarina negra a integrar
o corpo de dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, aprovada em concurso em
1948.
O talento de Mercedes não se impôs apenas
aos palcos da elite. Também participou do “Teatro Experimental do Negro”,
fundado por Abdias do Nascimento. Nesta condição, a bailarina que já havia
trabalhado como operária e doméstica, militava por reconhecimento e dignidade para
os atores e dançarinos negros no teatro brasileiro.
Seu talento foi reconhecido no
exterior. Nos Estados Unidos, Mercedes ministrou cursos no Connecticut College,
no Harlem Dance Theather e no Clark Center de Nova York. No Brasil, a
coreografia afro-brasileira de Mercedes ajudou a revolucionar o carnaval
carioca, tendo sido campeã com o Salgueiro, em 1962.
Tudo isso está esquecido, soterrado
pela história dos que venceram, ainda que Mercedes sempre tenha sido vitoriosa.
Como diz o personagem de Abdias na peça, nem todo esse reconhecimento a livrou
de sentir o peso das correntes ancestrais em suas sapatilhas.
No espetáculo, a beleza da dança, da
música, do cenário, do canto está a serviço de uma história dolorida, bonita e
comovente. Tambores e atabaques recepcionando piano, violino e violoncelo. A
coreografia como liberdade de usar o próprio corpo e recusar sua submissão aos
abusos da escravidão, ontem, e do racismo, hoje.
Sexta-feira, 13/05, o Grupo EMÚ, em
Copacabana, apresentava o lindo espetáculo “Mercedes Baptista” para uma plateia
quase vazia. Apesar disso, os bailarinos e músicos não usavam nem correntes nem
sapatilhas. Somente asas!
Evaporados, invisíveis, esbranquiçados, alvejados...
De volta aos evaporados, invisíveis e alvejados
Lindo, muito bonito.
ResponderExcluirOi, quem fala é Sol Miranda. Sou atriz e produtora do espetáculo. Fico muito feliz com sua postagem. Agradeço em nome de todo grupo.
ResponderExcluirEstamos em nossa última semana de apresentações. A casa está lotada! Estamos vendo um caminho sendo trilhado. A mensagem está chegando e isso no motiva a permanecer na luta. Gostaria de entrar em contato com vc para falarmos sobre algumas questões. Deixo aqui meu email de contato:
solmmiranda@gmail.com
projetomercedes@gmail.com
Abraços!