Doses maiores

23 de maio de 2016

O velociraptor ataca novamente

Antonio Donato Nobre é cientista do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Em 16/05 concedeu entrevista ao portal “IHU On-Line” sobre os prejuízos causados pelas técnicas que predominam na agricultura. Segundo ele:

A agricultura convencional extermina aquela vida que tem capacidade regulatória, mata o solo, fator chave para sua própria sustentação, e introduz de forma reducionista e irresponsável nutrientes hipersolúveis, substâncias tóxicas desconhecidas da natureza e organismos que podem ser chamados de Frankensteins genéticos.

Nobre enumera as várias técnicas que podem substituir essa “tecnociência” que serve apenas aos interesses mesquinhos do grande capital agrário. São elas: agroecologia, agrofloresta sintrópica, sistemas agroflorestais, agricultura biodinâmica, trofobiose, agricultura orgânica, agricultura sustentável, entre outras.

No lugar dessa variedade toda, monoculturas plantadas em latifúndios de milho e soja, tudo muito temperado com agrotóxico. Mais exatamente, um balde anual de veneno na mesa de cada brasileiro. Sem falar nos agentes químicos necessários para dar sabor e cor às rações que saem dessas plantações.

Por trás de tudo isso, a padronização industrial que reduz custos tanto quanto elimina nutrientes e torna nosso cardápio uma coleção de sabores que não passam de gradações saturadas de sal e açúcar. Os lucros disparam na mesma proporção que as doenças e a obesidade anêmica.

Segundo o entrevistado, esses métodos de cultivo tornam destrutiva “a pegada humana no planeta”, e suas consequências já se fazem “sentir no clima como falência múltipla de órgãos”.

É verdade. Mas a pegada em questão não é do “Frankenstein genético”. É do nosso conhecido velociraptor, símbolo de uma humanidade rendida à lógica da rapina contra si mesma.

Leia também: O Homo Velociraptor

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