Doses maiores

25 de maio de 2016

Um governo que ninguém derruba

Em 20/05, a revista “Brasileiros” entrevistou Amir Khair. Ele é especialista em Finanças Públicas e foi Secretário Municipal de Finanças de Luiza Erundina. Com a grande imprensa elogiando as medidas econômicas propostas pelo governo Temer, alguns números divulgados pelo entrevistado merecem destaque.

Segundo Khair, economizar nos gastos públicos não tem nada “a ver com redução de programa social. O dinheiro jogado fora é com juros: R$ 500 bilhões por ano”. “Hoje 82% do déficit público são despesa com juros, 13% são queda de arrecadação e apenas 5% são aumento da despesa pública”, afirma.

Além disso, os US$ 200 bilhões de excesso nas reservas internacionais custam ao País R$ 110 bilhões em juros anuais.

Ele afirma também que:

...os bancos no Brasil têm três fontes de riqueza: os juros cobrados sobre os empréstimos, a Selic alta e as tarifas bancárias. A concentração em cinco instituições lhes permite cobrar o que quiserem.

Perguntado sobre a reforma da Previdência, considerada obrigatória por golpeados e golpistas, ele informa que entre 2014 e 2015, os benefícios previdenciários aumentaram R$ 6 bilhões, enquanto os juros cresceram R$ 130 bilhões.

O título da entrevista é “Calem os bancos”. Mas os bancos não têm apenas voz. Têm um governo só deles, formado pela união entre Banco Central e Ministério da Fazenda. Eleição após eleição, seus interesses continuam religiosamente respeitados.

Mas seria injusto culpar só os bancos. O pornográfico mercado brasileiro de juros beneficia o grande capital em geral. Por isso, o poder econômico faz questão de financiar as eleições. Entre o governo afastado e o interino, a monarquia rentista manda, desmanda e não cai.

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