Em 23/05, Ronaldo Lemos publicou artigo
sobre o DAO (Descentralized Autonomous Organization) ou Organização Autônoma
Descentralizada.
Trata-se de uma plataforma mundial de
investimentos capaz de colocar em prática projetos empresariais. Segundo Lemos,
a iniciativa já levantou US$ 160 milhões, sendo “o maior financiamento coletivo
já realizado”.
A estrutura do DAO seria totalmente
descentralizada, em que a comunidade de investidores decide por votos qual proposta
deve receber recursos para sair do papel.
Seria mais um exemplo da chamada economia
colaborativa, última moda entre os que acham possível fugir à lógica
concentradora, especulativa e irracional do mercado capitalista.
Mas a proposta traz uma novidade importante.
O sistema não precisa de intervenção humana e obedece a instruções
pré-programadas. Além disso, uma vez criadas essas iniciativas, nada pode interromper
seu funcionamento, “exceto desligar a rede como um todo”.
Desse modo, diz o texto, “não haverá
prefeitura, tribunal ou sindicato capaz de derrubar a infraestrutura
informacional dessa operação”. Essa informação parece assustadora, mas isso já acontece
com o próprio sistema capitalista.
Em 1848, Marx e Engels escreveram no
Manifesto Comunista: “Tal como o aprendiz de feiticeiro, a burguesia não
consegue controlar as potências que pôs em movimento”. É o que acontece, por
exemplo, com as frequentes crises econômicas. Nem mesmo os capitalistas sabem como
evitá-las. E só conseguem resolvê-las preparando novas e piores crises.
A circulação adicional de
centenas de milhões de dólares virtuais só deve piorar ainda mais as coisas.
O fato é que, tal como acontece com o
DAO, o capitalismo só pode ser parado se desligarmos o sistema todo. Se interrompermos
sua operação, tão centralizada quanto perversamente humana.
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