Em seu estudo “Uma esquerda para o
capital”, Eurelino Coelho aborda a transformação do PT em partido da “esquerda
do capital”. A hipótese central do autor para explicar esse processo seria o
abandono do marxismo por parte de seus dirigentes e intelectuais.
O fato de que a pluralidade política do PT jamais permitiu que se reivindicasse
como organização marxista não invalidaria a hipótese. Muitas de suas maiores lideranças
durante a fase de consolidação do partido se consideravam marxistas. É o caso
de José Dirceu, maior liderança do grupo dirigente abaixo de Lula, e de José
Genoino, principal referência da esquerda petista nos primeiros anos do partido.
Assim, o projeto político inicial do PT teria sido marcado por algumas “coordenadas
gerais do marxismo”. Seriam elas a organização política independente do
proletariado, a luta pelo poder e a “desnaturalização das relações sociais
burguesas”.
Sob a influência dessas “coordenadas” a maioria dos petistas se recusava a
ficar a reboque de outros partidos, especialmente os “controlados pelos
patrões”. Também repudiava a ideia de que não havia alternativa ao capitalismo
nem a suas relações hierárquicas e autoritárias, incluindo a disputa pelo
poder como monopólio dos profissionais da política.
O gradual abandono desses referenciais pelos dirigentes ou figuras-chave do PT
explicaria a renúncia à disposição combativa que caracterizou sua formação. Na
verdade, sobraria como princípio apenas a disputa pelo poder. Em nome desse
objetivo, passaram a ser feitas alianças com setores conservadores e o partido
domesticou sua atuação frente à ordem capitalista.
Ou seja, podemos deduzir como causa muito provável da morte que estamos investigando baixíssimos índices de marxismo.
Leia também: Ainda sobre
o triste fim do PT combativo
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