Doses maiores

9 de maio de 2016

PT: autópsia descarta intoxicação marxista

Em seu estudo “Uma esquerda para o capital”, Eurelino Coelho aborda a transformação do PT em partido da “esquerda do capital”. A hipótese central do autor para explicar esse processo seria o abandono do marxismo por parte de seus dirigentes e intelectuais.

O fato de que a pluralidade política do PT jamais permitiu que se reivindicasse como organização marxista não invalidaria a hipótese. Muitas de suas maiores lideranças durante a fase de consolidação do partido se consideravam marxistas. É o caso de José Dirceu, maior liderança do grupo dirigente abaixo de Lula, e de José Genoino, principal referência da esquerda petista nos primeiros anos do partido.

Assim, o projeto político inicial do PT teria sido marcado por algumas “coordenadas gerais do marxismo”. Seriam elas a organização política independente do proletariado, a luta pelo poder e a “desnaturalização das relações sociais burguesas”.

Sob a influência dessas “coordenadas” a maioria dos petistas se recusava a ficar a reboque de outros partidos, especialmente os “controlados pelos patrões”. Também repudiava a ideia de que não havia alternativa ao capitalismo nem a suas relações hierárquicas e autoritárias, incluindo a disputa pelo poder como monopólio dos profissionais da política.

O gradual abandono desses referenciais pelos dirigentes ou figuras-chave do PT explicaria a renúncia à disposição combativa que caracterizou sua formação. Na verdade, sobraria como princípio apenas a disputa pelo poder. Em nome desse objetivo, passaram a ser feitas alianças com setores conservadores e o partido domesticou sua atuação frente à ordem capitalista.

Ou seja, podemos deduzir como causa muito provável da morte que estamos investigando baixíssimos índices de marxismo.

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