23 de outubro de 1917. O Comitê Central do Partido Bolchevique
reuniu-se para decidir se iniciaria ou não uma insurreição para transferir o
poder aos sovietes. Somente Lênin e Trótski votaram a favor. A insurreição fora
rechaçada.
Levantou-se então um operário simples,
com o rosto contraído de tanta ira. “Falo aqui em nome do proletariado de
Petrogrado”, disse ele, rudemente. “Somos favoráveis a uma insurreição. Façam
como acharem melhor, mas eu lhes digo que, se vocês permitirem que os sovietes
sejam destruídos, nós acabaremos com vocês!"
Houve nova votação e a insurreição foi aprovada.
Mas ainda era preciso decidir qual o melhor momento para o
levante revolucionário. Em nova reunião, Lênin, referindo-se ao Congresso
Pan-Russo dos Sovietes, disse:
O 6 de novembro será cedo demais. Precisamos
do apoio de toda a Rússia para o levante; até o dia 6 não terão chegado todos
os delegados do Congresso… Por outro lado, 8 de novembro será tarde demais.
Nesse momento o Congresso estará em pleno andamento, e é difícil um grupo
grande de pessoas assumir uma ação rápida e decisiva. Temos de agir no dia 7,
dia de abertura do Congresso, de modo que assim poderemos dizer aos delegados: “Aqui
está o poder! O que vocês farão com ele?”
E foi exatamente assim que aconteceu.
Os trechos acima são do livro “Os dez dias que abalaram o
mundo”, de John Reed. Mostram um daqueles raros momentos em que o papel de um indivíduo
determina os rumos da história. Mas o que seria de Lênin, e da história, sem
aquele “operário simples com o rosto contraído de tanta ira”?
Nenhum comentário:
Postar um comentário