“Não Verás País Nenhum” foi publicado por Ignácio de
Loyola Brandão em 1981. O livro imagina um cenário de destruição ambiental no
Brasil no começo do século 21. A seguinte citação abre o romance:
Conde de Oeyras. Alvará com força de
Ley, por que Voffa Mageftade be fervido probibier, que nas Capitanías do Rio de
Janeiro, Pernambuco, Santos, Paraíba, Rio Grande, e Seará, fe naõ cortem as
Arvores de Mangues, que naõ eftiverem já defcafcadas, debaixo das penas nelle conteúdas:
Tudo na forma que affima fe declara.
Trata-se de um documento publicado em 1755. Escrito em português
antigo, sua tradução seria a seguinte:
Conde de Oeiras. Alvará com força de lei,
por que Vossa Majestade é servido proibir, que nas Capitanias do Rio de
Janeiro, Pernambuco, Santos, Paraíba, Rio Grande, e Ceará, se não cortem as Árvores
de Mangues, que naõ estiverem já descascadas, debaixo das penas nele contidas:
Tudo na forma que acima se declara.
Como se vê, já naquela época, normas jurídicas procuravam
proteger os manguezais.
Em 2012, foi aprovada a Lei Federal 12.651, que alterou o
“Código Florestal”. Segundo esta nova legislação, os apicuns ou “salgados” já não
são mais considerados Áreas de Preservação Permanente. Trata-se de extensões alagadas,
típicas dos mangues e ricas em nutrientes para várias espécies de fauna e flora.
A alteração foi feita para possibilitar que esses
ecossistemas sejam ocupados por grandes empresas de criação de camarão e de extração
de sal.
Se o tal conde pudesse surgir do passado, ficaria assustado.
Certamente, seria mais um a temer por um país que vai ficando sem futuro nenhum.
Você faz cada achado! Que riqueza!
ResponderExcluirObrigado, querida. É o vício da leitura
ResponderExcluirBeijo