Um recente estudo da Fundação Perseu Abramo, ligada ao
PT, está ganhando razoável atenção de veículos da grande imprensa, como Estadão
e Globo.
Uma pesquisa qualitativa entrevistou 63 eleitores de
bairros pobres de São Paulo que votaram no partido entre 2000 e 2012, mas que não
fizeram o mesmo em relação a Dilma Rousseff e Fernando Haddad nas eleições
posteriores.
Segundo o Globo, a pesquisa mostraria “um vácuo entre
discursos clássicos de partidos de esquerda e a realidade dos grupos
pesquisados”. Para estes, não haveria “cisão entre ‘classe trabalhadora’ e ‘burguesia’”.
Trabalhador e patrão são diferentes, mas “todos estão no mesmo barco”,
afirmaram os entrevistados.
Também não existiriam polarizações como “coxinhas x petralhas”
ou “conservadores x progressistas”. O principal confronto da sociedade não
seria entre ricos e pobres, mas “entre Estado e cidadãos”, relata o jornal.
Lula é admirado menos pelas políticas de seus governos e
mais por ser um caso típico de ascensão social. Assim como Sílvio Santos e João
Doria, igualmente citados como vencedores que vieram de baixo.
Não deveria haver grande surpresa nessas conclusões.
Afinal, Sílvio Santos já vem sendo exaltado como campeão do esforço individual
há mais de meio século.
Surpreendente, mesmo, seria concluir que sob os governos
petistas essas concepções tenham se enfraquecido para retomar a força
repentinamente nos últimos três ou quatro anos.
Na verdade, a predominância dos valores conservadores não
mudou muito nesse tempo todo. A não ser pelo fato de ter conquistado adeptos aos
montes em quase toda a esquerda institucional.
A conclusão mais importante do estudo é indireta. Não foi
o povo que se tornou mais conservador.
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