Abolida a escravidão no Estados Unidos, os negros logo descobriram
que a promessa de que receberiam "quarenta acres e uma mula" não
passava de um boato maldoso. Entenderam rapidamente que teriam que lutar pelo
que queriam.
E eles sabiam exatamente o que queriam. Além de terras e direito
ao voto, eram “consumidos pela vontade de frequentar as escolas”. Depois de
séculos, exigiam o direito de satisfazer seu profundo desejo de aprender.
Foi esse anseio que a jovem professora branca, Prudence
Crandall, tentou heroicamente atender. Inicialmente, ela desafiou os habitantes
brancos de Canterbury, Connecticut, aceitando uma garota negra em sua escola.
Diante dos protestos, Prudence foi além e decidiu aceitar
mais meninas negras e, se necessário, administrar uma escola só para elas.
Lojistas se recusaram a vender suprimentos a “Miss
Crandall”. O médico não atendia suas alunas. O farmacêutico não fornecia remédios.
Criminosos quebraram as janelas da escola, jogaram esterco no poço e iniciaram vários
incêndios no prédio.
Além de Prudence, Margaret Douglass e Myrtilla Miner literalmente
arriscaram suas vidas enquanto tentavam transmitir conhecimentos a jovens
negros.
A história da luta das mulheres pela educação nos Estados
Unidos atingiu um verdadeiro pico quando educadoras negras e brancas lideraram juntas
a batalha do período pós-Guerra Civil contra o analfabetismo no Sul. Sua
unidade e solidariedade são um dos episódios mais bonitos da história do povo estadunidense.
As informações acima estão no livro "Mulheres, raça
e classe", de Angela Davis. Mostram que só há liberdade possível se sua
busca estiver orientada pela luz de um conhecimento que entenda a humanidade
como produto da unidade na diferença.
Linda história. Não conhecia. Vou procurar conhecer mais.
ResponderExcluir