O livro “Os dez dias que abalaram o mundo”, de John Reed,
é o mais famoso relato da Revolução Russa de outubro de 1917. Uma de suas edições
traz uma introdução do historiador A. J. P. Taylor.
Taylor explica como, após a Revolução de Fevereiro ter derrubado
a monarquia russa, foi instalado um governo provisório controlado por uma elite
que continuou insensível aos interesses da maioria.
Apesar disso, os bolcheviques aceitaram o novo governo sem
maiores questionamentos. Afinal, ele representaria um avanço em relação à
ditadura do Czar.
Mas Lênin não concordava com isso. Saiu correndo de seu
exílio na Suíça rumo a Petrogrado e ao chegar:
...não perdeu tempo. Encaminhou-se
diretamente para o quartel-general dos bolcheviques e disse: “Defendo a
realização de uma segunda revolução”. A proposta de Lênin foi derrotada por
doze votos a um, sendo este último dele próprio.
O episódio mostra como os bolcheviques travavam enormes e
incansáveis debates. E que é falsa a ideia de que o partido era controlado com
mão-de-ferro por Lênin. De ferro, mesmo era sua determinação. Tanto é que derrotado
na votação, ele “simplesmente riu e afirmou: ‘O povo russo é mil vezes mais
revolucionário do que nós’”.
A afirmação se mostraria correta meses depois. Mas antes
disso, até mesmo Lênin chegou a dizer que talvez não vivesse para ver a revolução
acontecer.
Estes elementos mostram que a grande Revolução de 1917 não
aconteceu graças a líderes geniais e infalíveis. Se houve alguma grande sabedoria por parte dos bolcheviques foi a de terem respeitado as pressões populares
vindas de baixo. Mesmo assim, aos trancos e barrancos.
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