Marx utilizou a frase em “O 18 Brumário” tendo como alvo Luís
Bonaparte, cuja mediocridade era ainda mais acentuada pela pretensão de ser
sucessor de seu tio Napoleão.
Mas em sentido mais geral, Marx utilizou a frase de Hegel para se
referir a momentos históricos em que os:
...homens conjuram ansiosamente em seu auxílio os
espíritos do passado, tomando-lhes emprestados os nomes, os gritos de guerra e
as roupagens, a fim de apresentar-se nessa linguagem emprestada.
Na verdade, são estes momentos que se repetem, não a história. Um exemplo
é a recente decretação da intervenção federal no Rio de Janeiro. Não falta quem
queira vê-la como reencarnação do golpe de 64.
De um lado, aqueles que esperam uma reedição da ditadura militar para trancafiar
e torturar lideranças das “classes perigosas”. Fingem desconhecer, porém, que
isto já acontece há muito tempo, e ganhou considerável reforço com intervenções federais semelhantes, decretadas ainda durante os governos petistas.
De outro
lado, há quem espere que a reencarnação de 64 acorde uma grande reação popular capaz
de reverter a onda conservadora e abrir caminho para um retorno eleitoral da
esquerda oficial.
Estes só
não parecem lembrar que se a reação popular não veio em 64, quando o golpe foi pura
tragédia, dificilmente viria agora, quando se apresenta em trajes pós-carnavalescos.
Acrescente-se
a tudo isso a avalanche de versões tragicômicas que tomou as redes virtuais sobre
o evento e teremos a mais nova variação da frase de Hegel. A história que já se
repetiu como farsa, quase imediatamente, torna-se fake.
Leia também: O baile de máscaras deste fim de semana
Nenhum comentário:
Postar um comentário