Mais informações
interessantes do livro “1499: O Brasil antes de Cabral”, de Reinaldo José
Lopes.
Desta vez, sobre a
chamada “terra preta de índio”. São “camadas muito escuras de solo, às vezes
com mais de 1 metro de profundidade, com quantidades relativamente elevadas de
matéria orgânica”, explica Lopes.
É um tipo de solo
muito mais fértil do que quase todos os demais da Amazônia. Alguns de seus
nutrientes possuem níveis várias vezes superiores aos dos solos vizinhos. E é
capaz de “segurar” com eficiência esses nutrientes por séculos e até milênios.
A terra preta está
presente em quase toda a calha principal do rio Amazonas, na ilha de Marajó, em
Rondônia, no Acre, no Alto Xingu e nas regiões amazônicas de Guianas, Peru,
Colômbia.
São 12,6 mil
quilômetros quadrados (dez vezes a área do município de São Paulo).
A terra preta é evidência
importante de que “partes consideráveis da mata amazônica “— incluindo aquelas
que nunca foram tocadas por uma motosserra do século XXI — são ‘culturais’ ou,
se preferirmos, antropogênicas”. Muito provavelmente, produto do “lixo dos
assentamentos” indígenas acumulado desde alguns séculos Antes de Cristo.
Teria, portanto, uma
origem não intencional, cujo potencial de uso para lavoura foi percebido pelas
populações amazônicas, muito antes do início da invasão europeia.
“Experimentos piloto sugerem
que essa ‘tecnologia arqueológica’ poderia ser ressuscitada e ajudar a
agricultura familiar a se tornar mais produtiva e sustentável”, afirma Lopes.
Mas para isso, podemos
concluir, precisaríamos abandonar as atuais monoculturas destrutivas
controladas pelos gigantes do agronegócio. Um tipo de exploração baseada na
terra vermelha, tingida pelo sangue de indígenas e trabalhadores rurais.
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