Estamos quase chegando ao final dos comentários sobre o livro “Riding for Deliveroo”, de Callum Cant”. Hora de olhar para o que os entregadores aprenderam com suas lutas em Brigthon e em outras cidades britânicas.
Cant acha que é necessária uma série de modificações para adequar a organização sindical ao contexto do capitalismo de plataformas digitais. A começar pela consulta direta aos trabalhadores.
Não há muito segredo. A ideia é periodicamente reunir vários trabalhadores e perguntar: “Com o quê vocês estão realmente chateados, quais são seus problemas reais?”. Não adianta chegar dizendo: “Vocês deveriam lutar por direitos trabalhistas”, porque a resposta costuma ser: “Não estamos preocupados com isso no momento. O que realmente nos preocupa é ter que esperar muito tempo para retirar pedidos no McDonalds ou Burger King, ou ser constantemente humilhados pelos gerentes das lanchonetes”.
São as condições de trabalho do dia-a-dia que estão na vanguarda das lutas, diz o autor. É o concreto, não o abstrato. Além disso, a experiência das lutas na Deliveroo levou a uma organização em rede com três camadas.
Primeiro, a própria rede de entregadores, que se comunica por aplicativos de mensagens. Depois, vêm os entregadores militantes cuja função é agitar a força de trabalho, identificar e recrutar líderes orgânicos. Por fim, vêm os militantes ligados ao Sindicato dos Trabalhadores Autônomos, que agem como reforço sempre que necessário. Mas são voluntários, sem remuneração.
É assim que a organização de longo prazo parece estar substituindo a mobilização de curto prazo entre os entregadores no Reino Unido desde 2016, afirma Cant. Na luta, mas pela base e combatendo a burocratização.
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Boa proposição.
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