Dizem que Lênin teria dançado na neve, em frente ao Palácio de Inverno, quando a Revolução Russa completou 73 dias. Ele estaria comemorando o fato de que o poder dos sovietes resistira mais tempo que os 72 dias da Comuna de Paris.
Verdadeiro ou não, o relato mostra como até aquele momento, o maior acontecimento para os comunistas do mundo todo foi a façanha realizada pelo povo parisiense entre 18 de março e 28 de maio de 1871.
Foram poucos mais de dois meses em um espaço geográfico relativamente pequeno. Mas além de ocorrer em uma das cidades mais importantes do mundo, a Comuna foi atravessada por processos radicais: participação popular, desafio a preconceitos e hierarquias, combate ao clero obscurantista, à xenofobia e ao machismo, tendo sido palco, inclusive, de experimentos estéticos arrojados e ousadias no campo do imaginário.
As cabeças brilhantes e veteranas de Karl Marx, Pyotr Kropotkin, William Morris, Elisée Reclus, Nikolaï Tchernychevski voltaram-se para o que ocorria em Paris como adolescentes maravilhados diante de novos e espantosos acontecimentos.
A começar por um internacionalismo radical, que afirmava que aquilo que se estava instaurando em Paris era uma República Universal, na qual não cabia o culto a bandeiras e heróis nacionais. Ali estavam no controle de suas vidas, cidadãos e cidadãs, camaradas solidários em busca da “regeneração da humanidade”, não de pátrias ou impérios.
Tudo isso e muito mais estão no belo livro “Luxo comunal: o imaginário político da Comuna de Paris”, de Kristin Ross, professora da Universidade de Nova York. A obra foi lançada recentemente no Brasil e será tema das próximas pílulas.
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Gostei muito do que classificaria de chamada para esta Pílula. Bela imagem do Lenin dançando, embora ache pouco provável que ele fosse de dança, ainda mais em frente ao Palácio etc e tal. Mas o que mais interessa é saber da importância que foi para os revolucionários do mundo a Comuna de Paris.
ResponderExcluirSim, Lênin dançando parece muito improvável. Mas a imagem é ótima
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