Com os bons resultados organizativos da primeira greve dos entregadores do Deliveroo em Brighton, os controladores da plataforma começaram a reagir. Eles não podiam simplesmente desligar do aplicativo os principais responsáveis pelo movimento de paralisação.
Isso seria admitir uma relação de subordinação incompatível com o discurso de que os conflitos não passavam de ajustes entre parceiros. Mas logo ficou claro que os algoritmos estavam destinando mais entregas para os motociclistas que para os ciclistas.
Podia haver alguns motivos operacionais para isso. Maior rapidez nas entregas, por exemplo. Principalmente numa cidade montanhosa como Brighton. Por outro lado, o braço sindical que estava sendo construído era composto principalmente por ciclistas.
“Mas a caixa-preta dos algoritmos não nos permitia afirmar que se tratava de algo deliberado”, diz Callum Cant no livro “Riding for Deliveroo”, que descreve toda essa experiência de luta.
Muitas lideranças começaram a se desvincular do aplicativo. Os grupos de zap mais usados para a mobilização ficaram mudos. Parecia um fim triste e precoce.
Até que nova alteração no sistema de pagamento fez caírem as remunerações. E às 18h do dia 25/11/2017, começava uma segunda paralisação. O Deliveroo tentou manter o ritmo das entregas, mas o caos se instalou novamente.
Segundo Cant, essa segunda greve provou que a luta direta entre trabalhadores e patrões tem que continuar ou a situação piora. Sem a estabilidade de uma relação contratual, as condições de trabalho ficam em constante renegociação. Os patrões querem cada vez mais lucros, mas os trabalhadores precisam sobreviver.
“Temos que lutar ou eles nos fodem - não há outra opção”, conclui Cant.
Na próxima pílula, mais luta!
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To gostando dessa série, parece filme de suspense.
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