Na última pílula sobre o livro “Riding for Deliveroo”, de Callum Cant, o boletim “Roo Rebelde” já estava circulando entre os entregadores do Deliveroo, em Brighton, Inglaterra.
A publicação ajudou a criar o clima necessário para uma paralisação. Ela aconteceu em 04/02/2017, quando mais de 100 trabalhadores se concentraram na principal praça de Brighton, com suas bicicletas e motos. Desativaram seus aplicativos e iniciaram uma assembleia. Os pedidos passaram a sofrer atrasos de até 3 horas e as vendas caíram mais de 50%.
A assembleia aprovou por unanimidade a criação de um braço sindical da categoria e três exigências: aumento de £5 por entrega; estabilidade nas contratações; e nenhuma perseguição aos organizadores da greve. O Deliveroo tinha duas semanas para responder. Depois da votação, os grevistas atravessaram Brighton em um comboio gigante.
Manifestações semelhantes voltaram a acontecer nos dias seguintes tanto lá, como em outras cidades. Trabalhadores e simpatizantes percorriam os restaurantes mais populares. A cada parada, um discurso do lado de fora, bloqueio temporário das ruas e uma delegação tentava conseguir apoio dos estabelecimentos para as exigências do movimento.
Solidariedade, mesmo, só a dos funcionários, raramente de gerentes e proprietários. De qualquer forma, foi o suficiente para exercer pressão sobre toda a cadeia de suprimentos e também sobre o Deliveroo. A plataforma passou a ter que responder as denúncias feitas pelos entregadores junto aos clientes.
No final, não houve ganhos econômicos, mas a vitória foi organizativa. O Sindicato dos Trabalhadores Autônomos reconheceu o movimento como um braço sindical em construção. Um ótimo começo.
Mas os patrões logo dariam o troco.
Veremos na próxima pílula.
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