“Luxo comunal”. Essa expressão utilizada no título do livro de Kristin Ross sobre a Comuna de Paris foi inspirada no Manifesto da Federação dos Artistas, publicado em abril de 1871. Este documento defendia a implementação de uma série de medidas revolucionárias em educação, artes e ciência.
Para começar, defendia uma educação “politécnica” ou “integral”, na qual é superada a divisão entre mãos e cabeça. Uma concepção pedagógica que buscava a criação de escolas onde meninas e meninos aprendem a ganhar a vida com seu trabalho, mas também se formam intelectualmente.
Durante o curto período de existência da Comuna, a educação tornou-se pública, gratuita, obrigatória e secular para todas as crianças, independente do sexo. Foram fechadas todas as escolas confessionais. Removidos crucifixos e imagens religiosas das instituições de ensino.
Também foi criada uma escola profissional de arte industrial para meninas. Nela, se ensinava desenho, escultura em madeira, argila e marfim, assim como cursos de aplicação do desenho e da arte à indústria.
As bibliotecas públicas foram reorganizadas para permitir amplo acesso à “plebe”. Professores do sexo masculino e feminino passaram a receber igual remuneração. O trabalho prático e a educação física alternavam-se com o estudo de teorias científicas e artes industriais.
Ou seja, diz Kristin, para os comunardos, aquele que maneja uma ferramenta também deve ser capaz de escrever um livro. O artesão deve relaxar de seu trabalho diário cultivando as artes, letras ou ciências, sem deixar de ser um produtor. Produzir não só pelos braços, mas também pela inteligência.
Na próxima pílula, o sapateiro que construía barricadas como se fossem obras de arte.
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