Outra condição fundamental para o crescimento do fascismo, diz ele, reside em determinações econômicas. Nos países onde o capitalismo está mais avançado, a forma de exploração acontece pela mais-valia relativa. Ou seja, o trabalho é explorado principalmente pelo aumento da produtividade.
Já nos países onde a industrialização é menor impera a mais-valia absoluta, em que a exploração se dá pelo aumento do volume de trabalho. Por exemplo, pela ampliação da jornada de trabalho.
Desse modo, diz Bernardo, o trabalho de um operário dos países industrializados equivale ao esforço de vários trabalhadores de países predominantemente agrícolas. Portanto, a exploração bruta tem que ser muito maior. E quanto mais brutalidade, mais agudas as contradições de classe. Mais violento tende a ser o sistema de dominação.
Seria por isso que o fascismo, a mais truculenta das formas de dominação, jamais se estabeleceu nos países onde a mais-valia relativa norteava o crescimento econômico. Casos de Estados Unidos, Inglaterra e França, em meados do século passado.
Nesses lugares, esse tipo de exploração levou o capitalismo a incorporar os mecanismos do totalitarismo, sem precisar alterar substancialmente as instituições da democracia representativa.
Para esse tipo de sociedade, conclui Bernardo, o fascismo teria se mostrado desnecessário porque “a evolução da democracia capitalista permitiu-lhe alcançar de um modo completamente diferente - discreto e sutil - alguns dos objetivos do fascismo”.
Faz sentido, mas o debate segue aberto.
Leia também: Os intermináveis labirintos do fascismo.
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