Mas este fenômeno somente ganha força quando a esquerda abandona a disputa da hegemonia em um terreno fundamental, o do senso comum. Esta é uma preocupação presente, por exemplo, no trabalho da socióloga Esther Solano.
Professora da Unifesp, Ester vem pesquisando há anos o universo do “bolsonarismo popular moderado”. Ou seja, das pessoas de menor renda que votaram em Bolsonaro sem se identificar com suas posições mais extremas. Em recente entrevista concedida ao podcast “Ilustríssima Conversa”, ela fez a seguinte afirmação:
A esquerda faz bem em lutar, por exemplo, pelas famílias LGBT e monoparentais. Elas [eleitoras moderadas de Bolsonaro] entendem e reconhecem a importância disso, mas dizem: "Parece que a esquerda só luta por esse tipo de família. A gente também queria a esquerda lutando e visibilizando a nossa família tradicional. No final das contas, nós também temos direito a ter uma dignidade familiar.
Aí, já não se trata mais de lidar com fanáticos proferindo absurdos, mas da necessidade de unir as lutas por dignidade para todos os setores explorados e oprimidos. Assumir que alguns desses setores já deixaram tais lutas para trás ou que são conservadores irrecuperáveis acaba deixando lacunas no senso comum que são aproveitadas pelos fascistas e reacionários em geral.
Em casos como esses, nós também estamos contribuindo para o emburrecimento geral.
Leia também: Bolhas ideológicas e disputa de hegemonia
Tá certo, tinha visto esse podcast. Vou tentar contribuir de forma amena e suave sobre essa questão no meu próximo escrito no blog.
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