Doses maiores

19 de agosto de 2022

Eleições: engajamento virtual x militância presencial

O TikTok caminha rapidamente para ter o maior número de usuários do mundo, ultrapassando Facebook, Instagram, Youtube, etc.

É por isso que as redes virtuais concorrentes estão tentando imitar o aplicativo chinês. Vêm priorizando cada vez mais vídeos curtos no lugar de fotos e textos.

O problema é que isso torna as redes ainda menos interativas. As informações ficam mais soltas e sem contextualização. Além disso, vídeos são mais difíceis de fiscalizar quanto a conteúdos falsos e caluniosos. Uma beleza para a extrema-direita, com seu apego à difusão de fake news.

Um exemplo é a hashtag #StopTheSteal, compartilhada no TikTok por trumpistas, alegando que a eleição de Biden foi fraudada. Bloqueada pelos moderadores ela voltou com a grafia modificado para #StopTheSteallll e já tinha quase um milhão de visualizações até ser novamente desativada.

Semana passada, houve eleição presidencial no Quênia. Um dos candidatos apareceu num vídeo falso do TikTok segurando uma faca e vestindo uma camisa ensanguentada. A legenda o descrevia como um assassino. O vídeo recebeu mais de 500 mil visualizações antes de ser removido.

Enquanto isso, em terras brasileiras, a presença de Bolsonaro nas redes continua muitas vezes maior que a de Lula, líder nas pesquisas eleitorais. A participação de Anitta e Janones na campanha petista melhorou a situação, mas a reação veio com atraso.

A situação não seria tão preocupante se o engajamento virtual superior do bolsonarismo estivesse sendo compensado pela presença militante nas ruas, bairros e locais de trabalho em favor da candidatura petista. Por enquanto, isso não vem acontecendo. Os comícios são fundamentais, mas insuficientes. É urgente enfrentar esse desafio.

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4 comentários:

  1. Tempos modernos, lutas tecnológicas, simplificação das disputas, manipulações etc. Sem saudosismos, mas a disputa nas ruas e nos debates em bares, trens e metrôs, propiciavam outro tipo de embate. Sim, entendo que deva ser por aí como propõe, mas tem a preocupação com o tique que não toca (oh trocadilho horroroso) como vc coloca. Enfim, perseverar.

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  2. Sergio,
    O livro do Graeber foi publicado em português pela cia das Letras. Domingo na Folha saiu entrevista com o outro autor.

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