Em 17/08, Cristiano Romero publicou no
jornal Valor a matéria “Crise econômica mundial mudou convicções de Dilma”. O
texto alega que a crise levou a presidenta a fazer uma opção diferente em relação
ao governo Lula: “a partir de agora, os investimentos serão liderados pelo
setor privado e não mais pelo Estado”.
Na verdade, a
opção entre mais Estado ou mais setor privado continua excluindo os movimentos sociais
da arena política. E esta é uma característica essencial do lulismo. Os “setores
organizados” servem para apoiar as medidas dos governos petistas. E só. Há muito,
o MST limita-se a lamentar. E quanto ao recente pacote de privatizações, a CUT
apoiou com críticas superficiais.
A reportagem cita
algumas medidas duras tomadas por Dilma: aumento do superávit primário, fim da
aposentadoria integral dos servidores federais, privatização dos três maiores
aeroportos do país e o congelamento dos salários do funcionalismo. Diz que ela
tirou tais medidas da gaveta em que Lula as esqueceu.
É verdade. Mas a
amnésia de Lula foi proposital. As medidas ficaram esquecidas para que sua sucessora
assumisse o desgaste de implementá-las. Lula deve voltar em 2014 como titular
da posição. Mas não nos enganemos. Dilma limpou o caminho. Lula pode voltar sem usar o disfarce da barba de sindicalista e com ainda menos vergonha na cara.
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