Doses maiores

30 de dezembro de 2014

Capitalismo: fim com terror ou terror sem fim?

“Capitalismo do pós-guerra está no fim, diz Streeck”. Este é o título da entrevista feita por Vanessa Jurgenfeld, publicada no Valor em 23/12. Wolfgang Streeck é sociólogo e professor do Instituto Max Planck, em Colônia, Alemanha.

Entre as opiniões interessantes e polêmicas do entrevistado, está a afirmação de que o capitalismo um dia chegará ao fim. Streeck garante ser impossível dizer quando isso pode acontecer ou o que pode vir a seguir. Mesmo assim, muitos neoliberais devem ter torcido o nariz para a afirmação.

Outro sociólogo alemão pode ajudar a entender o porquê disso tudo. Max Weber dizia que as “civilizações” representam sempre uma “concentração unilateral” das possibilidades humanas. Em relação à “civilização moderna ocidental”, esta concentração seria o “racionalismo da dominação do mundo”.

É possível que Weber estivesse se referindo a uma arrogância bem típica da classe dominante capitalista. São os que acham possível continuar dominando a natureza por tempo indeterminado sem maiores consequências. Vitoriosos, se acostumaram com a ideia de que somente os derrotados arcarão com os enormes custos de suas conquistas.

Talvez, os capitalistas nunca venham a enfrentar a ira das multidões que explora e humilha há séculos. Pode ser que continuem a lucrar à custa da miséria da grande maioria da população mundial por muito tempo ainda. Mas não é nada improvável que sejam vítimas de catástrofes naturais tanto quanto o restante da espécie.

De qualquer maneira, poderíamos citar mais um alemão. Adaptando uma famosa frase de Marx em “O 18 Brumário”, sob o capitalismo estamos entre um fim com terror e um terror sem fim. Ou não?

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