Anteontem, Kátia Abreu assumiu a presidência da Confederação Nacional da Agricultura. O próximo passo é deixar o cargo para tornar-se ministra da Agricultura. Presente, Dilma se mostrou entusiasmada. Disse que a “parceria” com a rainha dos ruralistas está apenas começando. A peste também se aproxima do Executivo, a convite de sua titular recém-reeleita.
Há quase 20 anos, em 1995, Darcy
Ribeiro lançava “O povo brasileiro”. Um dos trechos do livro contém mais
atualidade que as notícias acima:
Nada é mais
continuado, tampouco é tão permanente, ao longo desses cinco séculos, do que
essa classe dirigente exógena e infiel a seu povo. No afã de gastar gentes e
matas, bichos e coisas para lucrar, acabam com as florestas mais portentosas da
terra.
Desmontam
morrarias incomensuráveis, na busca de minerais. Erodem e arrasam terras sem conta.
Gastam gente, aos milhões. Tudo, nos séculos, transformou‐se incessantemente. Só ela, a classe dirigente, permaneceu igual a si
mesma, exercendo sua interminável hegemonia. Senhorios velhos se sucedem em
senhorios novos, super-homogêneos e solidários entre si, numa férrea união
super-armada e a tudo predisposta para manter o povo gemendo e produzindo. Não
o que querem e precisam, mas o que lhes mandam produzir, na forma que impõem,
indiferentes a seu destino.
Como mostram aqueles dois episódios recentes, os senhorios continuam “solidários entre si”, em “férrea união super-armada”. Os velhos e os novos.
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e as decepções com Dilma
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