Segundo Massimo Amato, no capitalismo, “as dívidas não existem para serem
pagas, mas para serem compradas e vendidas". A afirmação do pesquisador em
História Econômica da Università Bocconi, de Milão, foi feita ao IHU-Online, em
29/06.
De fato, os donos desses débitos tornados mercadoria escravizam muitos de seus
devedores. Especialmente, os povos dos países cujos dirigentes se deixaram
capturar por uma financeirização de dívidas que as torna impagáveis.
É o caso da Grécia, que acaba de se recusar a pagar os 1,6 bilhão de euros supostamente
devidos ao Fundo Monetário Internacional. Segundo a imprensa, seria o primeiro “país
desenvolvido a dar um calote no fundo”. Mas, na verdade, trata-se do mínimo de
soberania que resta a um povo castigado há 5 anos. É a tentativa de sair da
armadilha montada pelo FMI.
Quem conta essa história é Paulo Nogueira Batista, que era diretor executivo do
FMI no momento do empréstimo, em 2010. Há vários meses, o brasileiro vem
afirmando para a imprensa que o acordo firmado naquele ano foi apresentado “como
um programa de resgate para a Grécia, quando, na verdade, foi mais um resgate
dos credores privados do país”.
Ou seja, a fatura cobrada é dos bancos franceses e alemães. Não tem nada a ver
com a “reestruturação da economia grega”, como dizem os representantes do Fundo.
Claro que a grande mídia, aqui e lá fora, esconde esta situação.
O peso dessa e outras dívidas ilegítimas no orçamento público grego é de 50%.
No Brasil, esta proporção está em 45%. A calamidade grega não chegou aqui. Ela
já está instalada há muitas décadas.
Leia também: Sair do Euro é a única saída para o povo
grego
Nenhum comentário:
Postar um comentário