Essa anedota tem um fundo de verdade. É o que se conclui, por exemplo, da leitura do livro “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade”, de Yuval Harari. Nele, o autor observa que há dez mil anos, o trigo era uma planta insignificante. Mas, hoje, diz ele, essa gramínea cobre uma área equivalente a “dez vezes o tamanho da Grã-Bretanha”.
Como isso aconteceu, pergunta o autor. Simples. Foi graças aos incansáveis cuidados dos seres humanos:
O trigo era atacado por coelhos e nuvens de gafanhotos,
então os agricultores construíram cercas e passaram a vigiar os campos. O trigo
tinha sede, então os humanos cavaram canais de irrigação ou passaram a carregar
baldes pesados de poços para regá-lo. Os sapiens até mesmo passaram a coletar
fezes de animais para nutrir o solo em que ele crescia.
Mas, milhares de anos depois, as coisas parecem ter piorado muito. Até uns dois séculos atrás, eram coisas vivas, como plantas e animais, que nos domesticavam. Agora, são cada vez mais as mercadorias que nos dominam. São coisas mortas que passaram a nos governar, portanto.
Com exceção dos cachorros, claro.
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