O ex-ministro grego, Yanis Varoufakis, ficou famoso por enfrentar os
negociadores do chamado Eurogrupo, que reúne ministros da área econômica da
União Europeia.
Segundo o representante grego, os membros desse grupo se recusavam
completamente a discutir seus argumentos econômicos, limitando-se a receber suas
propostas com “olhares vazios”.
O verdadeiro chefe deste colegiado implacável é o representante da Alemanha, Wolfgang
Schäuble. Foi ele que disse, por exemplo, que não mudaria suas posições “por
causa de uma eleição”, referindo-se ao plebiscito grego que disse “não” às
propostas que ele representava.
Durante as negociações, Varoufakis disse ao Eurogrupo que a derrota do governo grego
“beneficiaria a extrema direita”. Uma próxima rodada de negociações poderia ser
feita com um governo liderado pelo “Aurora Dourada”, partido fascista da
Grécia.
Ninguém deu a mínima, Varoufakis demitiu-se, saiu das negociações, e o governo grego
acabou aceitando uma proposta ainda pior do que a que seu povo recusou nas
urnas.
Curiosamente, dois dias depois, um tribunal alemão condenou um antigo oficial nazista
a quatro anos de cadeia. Oskar Groening era uma espécie de guarda-livros de
Auschwitz. Sua função era contar o dinheiro tirado dos prisioneiros e enviá-lo para
seus chefes nazistas, em Berlim.
Em sua defesa, Groening declarou apenas cumprir ordens. Talvez, Schäuble não seja
nazista, mas tal como fazia o guarda-livros de Auschwitz, apenas obedece a ordens que
jogam milhões na miséria e garantem o fluxo de moedas exigido por seus chefes,
em Berlim.
O trágico nesta comparação é que sobrou para o primeiro-ministro grego, Alex
Tsipras, o papel de “kapo”, nome dado aos guardas judeus dos campos de
concentração.
Leia também: A crise grega é
política
Sergio, o que parecia um alento, e uma prova de dignidade, acabou se transformando nesta esparrela. Até agora não entendi a posição do Tsipras: primeiro, dizendo que renunciaria se o referendo apontasse o Sim à proposta do Eurogrupo; depois, aceitando uma pior. Primeiro, digna, pois um governo que se propôs a um programa não pode o abandonar. Depois a capitulação. Tenho só visto os noticiários e lido uma coisa ou outra na internete. Consegue entender? Bjs perplexos.
ResponderExcluirMarião, havia umas teorias que diziam que o Tsipras se cacifou com o “não” do referendo para dizer um “sim” ao Eurogrupo com condições muito melhores. Não foi o que aconteceu. Outras achavam que uma recusa do parlamento grego poderia dar-lhe legitimidade para romper com o Euro. O parlamento não recusou a proposta, com Tsipras movendo mundos e fundos pra isso acontecer e grande parte de seu próprio partido votando contra. E há quem diga pura e simplesmente que trata-se de realismo político: “não tem correlação de forças, não tem revolução no horizonte, seria irresponsabilidade blá, blá...”. Estes aí costumam ser os mesmos que justificam os recuos dos petistas no governo. Mas não consigo ver a posição do Tsipras se não como uma capitulação. Ao mesmo tempo, outra prova de que chegada ao nível institucional a esquerda cai em suas tramas e não consegue se livrar.
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