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Em 12 de abril, em manifestação contrária ao governo, um cartaz dizia: “Sonegação não é corrupção”.
A legenda referia-se às denúncias da Operação Zelotes, que estima em cerca de R$ 515 bilhões a quantia envolvida em fraudes fiscais por grandes empresas. Mas também poderia servir aos quase R$ 500 bilhões sonegados aberta e impunemente por tubarões do mercado em 2014.
Esta dinheirama sangra os já anêmicos recursos públicos de Saúde, Educação, Habitação. Mas não é corrupção, dizia o cartaz.
Em 2002, foram gastos nas campanhas eleitorais R$ 800 milhões. Em 2010, o valor saltou para R$ 4,9 bilhões. Na França, estes custos ficaram em R$ 90 milhões, em 2013. Detalhe: lá a doação empresarial é proibida.
De volta ao caso brasileiro, a eleição de um governador custa, em média, R$ 23 milhões e um senador, R$ 4 milhões. Deputado federal? R$ 1 milhão. Observação: fora o que entra pelo caixa dois.
Recente estudo do Instituto Kellogg Brasil mostra que a cada real investido na eleição de um político, a empresa obtém R$ 8,50 em contratos públicos. São contratos certamente prejudiciais ao orçamento público e distantes das prioridades sociais. Mas não, isso não é corrupção.
O que é corrupção, então? A definição coerente com a raiz latina da palavra é: deterioração, decomposição física ou orgânica de algo. Putrefação. Como no cadáver, cuja morte já tenha ocorrido há dias. No nosso caso, séculos.
Leia também: Causas econômicas da corrupção política
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