“Crise joga 3 milhões de famílias da Classe C de volta à
base da pirâmide”, diz matéria de Márcia De Chiara e Anna Carolina Papp,
publicada no Estadão em 31/10.
O texto cita estudo da Tendências Consultoria Integrada,
mostrando que, entre 2006 e 2012, 3,3 milhões de famílias subiram das “classes
D/E” para a “classe C”. Mas o mesmo levantamento estima que, até 2017, 3,1
milhões de famílias devem voltar à faixa de renda de onde saíram.
Justificariam essa projeção, previsões de recuo da
economia, queda na massa real de rendimentos e desemprego galopante.
A reportagem traz uma observação importante de Maurício
de Almeida Prado, da consultoria “Plano CDE”. Devido à “ascensão” por que
passaram, diz ele, essas famílias formariam “um novo tipo de classe baixa: mais
conectada, escolarizada e de certa forma até mais preparada”.
A questão é: preparada para quê?
Seria bom lembrar que a conquista de melhores condições
de vida tende a ser muito menos gratificante que a decepção causada por sua
perda.
A última vez que frustrações como essas se transformaram
em revolta social foi em junho de 2013. E naquele momento, forças de direita
conseguiram canalizar boa parte do forte ressentimento da população.
O trabalho dos conservadores foi bastante
facilitado pela esquerda que está nos governos. Diante das manifestações, sua
única resposta vem sendo mais repressão. Portanto, destes setores já não há mais
nada a esperar.
Mas a maior parte da oposição de
esquerda continua distante das ruas, priorizando a disputa de eleições,
direções sindicais e outros aparatos burocratizados. Ou começamos a mudar isso
radicalmente, ou sofreremos uma enorme derrota histórica.
É verdade, não sei onde anda a esquerda, ser é que anda.
ResponderExcluir