Amarildo |
Circula na internete um poema de Carlos Drummond
considerado profético em relação ao crime ambiental cometido pela Vale, em
Mariana, Minas Gerais. Trata-se de “Lira Itabirana”, cujos primeiros versos
dizem: “O Rio? É doce/ A Vale? Amarga/ Ai, antes fosse/ Mais leve a carga”.
Muito da justa revolta em relação à poderosa mineradora costuma
lembrar que se trata de uma empresa privatizada. Mas o poema de Drummond é de
1984, bem anterior à entrega da companhia a preço de banana estragada ao
mercado. Além disso, a estrofe II deixa bem claro que “Entre estatais/ E
multinacionais,/ Quantos ais!”.
Portanto, não se trata apenas da costumeira
irresponsabilidade de um mercado dominado por enormes monopólios privados. É a
própria atividade que tem caráter destrutivo.
É o que mostra Marcos Paulo de Souza Miranda, coordenador
da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas
Gerais. Em outro texto que vem circulando na rede, ele lembra:
Em novembro de 1867, na Mina de Morro Velho, em Nova Lima,
um desabamento matou 17 escravos e um trabalhador inglês. Em novembro de 1886, novo
desastre no mesmo lugar.
Mais recentemente, rompimentos de barragens nas minas de
Fernandinho (1986) e Herculano (2014), em Itabirito; Rio Verde (2001), em Nova
Lima; e Rio Pomba (2008), em Miraí. Todas com dezenas de mortes e prejuízos
irreversíveis ao meio ambiente.
A mineração, tal como praticada no modo de produção
capitalista, estatal ou não, gera poucos empregos e vicia as economias que dela
dependem. Destrói cidades, pessoas, matas, bichos. Só a poesia escapa. Mas
pergunta, dolorida, quanto tempo ainda disfarçaremos as lágrimas “sem berro?”
Leia também: Terrorismo e
causalidade seletiva
É verdade,embora quando estatal tivesse algum compromisso,como dizem alguns moradores do Pará em vídeo de anos atrás,na época da campanha A Vale é nossa,mas sob domínio privado é pura barbárie.
ResponderExcluirMariângela