Na Alemanha, um grupo de astrônomos da Universidade do
Ruhr conseguiu uma fotografia da Via Láctea. A imagem contém 46 bilhões de
pixels e pode ser visualizada pelo site http://gds.astro.rub.de/.
Imaginemos que essa ferramenta online possibilitasse ao
usuário observar o planeta Terra em detalhes. Poderíamos escolher visualizar o
deserto do Atacama, no Chile. É lá que ficam os telescópios a partir dos quais foram
feitas as imagens que viabilizaram a gigantesca foto.
Aumentando o zoom poderíamos ver grandes observatórios
astronômicos. Mas, em torno deles, também notaríamos a presença de algumas pessoas
vagando em meio às muitas rochas e poucos arbustos.
Aproximando ainda mais nossa lente virtual, notaríamos que
são mulheres e que elas usam pequenas pás para revirar o terreno, levantando
pedras e cavoucando o chão arenoso.
Se a ferramenta virtual também permitisse observar o passado, poderíamos encontrar os campos de concentração que foram construídos
ali durante a ditadura Pinochet. Construções feitas para torturar e matar os que
discordavam do regime.
Mas, hoje, os únicos sinais que sobram daqueles tempos
tenebrosos são alguns restos mortais, preservados pelo ar seco do deserto. E
são eles que aquelas mulheres procuram, tentando identificar parentes e
companheiros “desaparecidos” pela ditadura.
Esta terrível história é contada no belo e triste documentário
“Nostalgia da Luz”, de Patricio Guzmán. O filme mostra que nossa espécie continua
muito indecisa.
Ainda precisamos resolver se vamos continuar a condenar
mulheres a manter seus olhos voltados para o chão que molham com suas
lágrimas, ou se vamos buscar nas estrelas e onde mais for possível o que
nos pode fazer dignos dos mistérios do universo.
Leia também: Os
alarmes da humanidade
Lindo. É preciso sonhar olhando estrelas, mas também sonhar examinando atentamente a nossa realidade. Este seu texto sugeriu a lembrança da famosa frase do Lenin.
ResponderExcluirPrezado Sérgio. Não tem a ver com esse post, mas atualmente tenho andado curioso se há alguma menção literal da própria pena de Marx a cerca da emancipação das minorias LGBT, ou mesmo com relação aos movimentos feministas. Devo ter ouvido também alguma coisa sobre a URSS haver perseguido homossexuais... O Sr conhece algo que possa esclarecer essa curiosidade?
ResponderExcluirCaro Rodolfo, que eu saiba, quase não há menções sobre homossexualidade na obra de Marx e Engels e quando as há não são nem um pouco positivas. Também lembro de ter visto passagens na correspondência entre os dois muito depreciativas quanto aos homossexuais. Na URSS, com certeza houve muita perseguição, especialmente na fase stalinista, quando a família tradicional e conservadora foi adotada como modelo a ser imposto pelo Estado. Enfim, a tradição marxista e suas derivações são bastante conservadoras nesse aspecto. Abraço!
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