Numa comunidade industrial na China,
onde os habitantes vivem em dormitórios compartilhados com outros
trabalhadores, as redes sociais são dos poucos locais privados.
O trecho acima faz parte da matéria “Pesquisa mostra
diversidade do uso das redes sociais pelo mundo”, de Sérgio Matsuura, publicado
no Globo em 07/03. Trata-se do “maior estudo antropológico já realizado sobre
as redes sociais”, diz a reportagem.
Foram 15 meses, em que uma equipe de nove pesquisadores
da Universidade College London fez observações presenciais para saber como
membros de pequenas comunidades se relacionam on-line em oito países: Brasil,
Turquia, Trinidad e Tobago, Chile, Itália, Índia e China.
Os resultados do estudo ajudam a moderar a visão
apocalíptica que muitos de nós temos das redes virtuais. Na Índia, por exemplo,
a internete permite colocar em contato pessoas que pertencendo a castas
diferentes são proibidas de dividir o mesmo espaço físico.
Algo parecido ocorre na Bahia, onde “membros de igrejas
evangélicas podem se tornar amigos de seguidores do candomblé pelo Facebook,
apesar de encontros pessoais serem recriminados socialmente”.
Ao mesmo tempo, o estudo mostra que a utilização desses
recursos digitais não consegue maiores alterações quanto aos problemas de
exclusão e segregação social no mundo real.
O Brasil é citado novamente como exemplo: “Funcionários
podem ter os mesmos smartphones que seus empregadores, mas isso não faz com que
se tornem amigos ou se adicionem em redes sociais”, diz a matéria.
Na verdade, tal como acontece com outras tecnologias,
muita coisa depende de quais forças sociais as controlam. E tudo o que os
conservadores querem é que deixemos as redes sob seu domínio absoluto.
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